Eyele

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Ifá Espirito Santo Liberdade

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Árvore da Vida de Kamitic - Egito & Yorubá - Parte 02




Esfera 03 – Sekert – Obaluaye


Onipotência - O Poder da Criação

A Esfera 03 da árvore representa o aspecto onipotência do Criador. 
A divindade representada pela Esfera 03 da Árvore foi chamado Sekert pelo Kamau, e é chamado de Obaluaye na tradição yorubá. A ciência espiritual Kamitic sustenta que a criação é provocada pela Palavra, invocação, ou vibração. Assim a Esfera 03 também representa as palavras de poder, ou mantras. Estes foram chamados hekau (singular: heka) pelo Kamau. A vibração divina original, que criou o mundo (o nosso), foi dito "aung". Essa palavra divina inicial de vibração foi emitida a partir desse aspecto do Criador representado pela esfera 03. A escritura Kamitic tem Deus dizendo: "eu trouxe em minha boca meu próprio nome, ou seja, uma palavra de poder, e eu, eu mesmo, surgi na forma de coisas que vieram a existir, e eu vim as formas do Criador ". Desde a criação do universo, trazem à existência da estrutura, e também a limitação por inferência, Sekert e Obaluaye são identificados como os fundamentos de todas as coisas criadas. Sendo assim, Sekert ou Obaluaye estão para ajudar a criar uma base sólida e duradoura. Considerando que nada dura para sempre no mundo, Sekert e Obaluaye foram também identificados com os ciclos, e uma vez que nenhum novo ciclo começa a menos que um velho morra, Sekert e Obaluaye também são identificadas, tanto quanto com a morte como com a criação. Mas isso não é tão mórbido que possa parecer para a mente ocidental, para dentro da cosmologia Africana, a morte não é vista como definitiva, mas como uma transição. De qualquer forma, Sekert e Obaluaye presidem os funerais e cemitérios, e o crânio é um de seus totens.



Esfera 04 – Maat – Aje Saluga



Lei Divina / Verdade, Harmonia, a interdependência de todas as coisas


A Esfera 04 da Árvore da Vida representa o aspecto do Criador correspondente às leis da existência para as coisas da criação. Esta é a Lei Divina. Na tradição Kamitic, a divindade representada por esta Esfera é conhecida como Maat. No panteão Yoruba, ela é conhecida como Aje Salugá. As leis para que Maat é a expressão de governar ambos os aspectos da mente (consciência / Inconsciência), bem como aspectos da matéria (Energia / Matéria). Assim Maat rege os princípios da verdade divina, amor, justiça, equilíbrio, harmonia, Inter-dependência de todas as coisas, etc, bem como as leis da física e de todos os fenômenos de energia / matéria, sendo que este último inclui as leis que regem os fenômenos espirituais . É a pena de Maat, que é usada para pesar o coração no dia do Juízo Final.



                     Esfera 05 – Herukhuti– Ogun

Aplicação da Lei Divina.



A Esfera 05 da árvore representa o aspecto do Espírito de que a Lei Divina é "forçada". Na tradição Kamitic, a divindade representada por esta Esfera é conhecido como Herukhuti. No Yoruba, ele é conhecido como Ogun. A ira de Deus (castigo) é exercida por esta faculdade, como é o amor de Deus em seu aspecto de proteção. Há uma lógica de equilíbrio no trabalho aqui. Não há nenhuma lei sem meios de execução, portanto, Herukhuti é necessário para complementar Maat.



Próxima Postagem - Esferas 06 e 07

Por Ifá Korede Emerson Fernandes
Fontes de Consulta:
- Metu Neter
-  A Sabedoria Antiga na África - Patrick Bowen

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A Árvore da Vida de Kamitic - Egito & Yorubá - Parte 01



 
O propósito da criação

Se a verdadeira natureza de Deus, a Fonte, é Amen, e é, essencialmente, incondicionado e indiferenciada, surge a pergunta: por que Deus criou o mundo de diferenciação em que o homem habita?, e, ainda, por que ele criou o homem?

 A escritura Kamitic de Deus no estado de **Amen diz: "Eu estava sozinho, não nasceu, foram eles." Amen (1996) cita a escritura para explicar que Deus criou o mundo, a fim de ter experiência. E Ele criou o homem, a fim de ter um veículo no mundo com as mesmas qualidades essenciais como a própria. O homem é, nesse sentido, criado "à imagem de Deus." Além disso, como Patrick Bowen nos informa, o *Bonaabakulu Abasekhemu ensinam que o homem está em uma viagem de retorno à Fonte, ao Itongo (Espírito Universal), ao estado de Amen. Homem, no seu, aspecto físico grosseiro, e o mundo em geral, é representado pela esfera 10 na parte inferior da árvore. A Esfera 10 representa, portanto, o resultado final da criação. As Esferas de 01 a 09 no meio representam os estágios funcionais de criação, bem como os vários aspectos do ser espiritual, que também faz parte da natureza do homem. Não só a Árvore da Vida representa o desdobramento da Criação, como também representa o caminho de volta, esfera por esfera (ou ramo por ramo), para viagem espiritual de regresso do homem.

Os estágios funcionais da criação, e os aspectos do espírito

Esferas ou Enéade de 1 a 9, além de representar as fases funcionais da criação, também representam as divindades e arquétipos que apresentam as qualidades mais pertinentes ao estágio funcional da criação, com os quais respectivamente estão identificados. Ao nível do homem, essas mesmas energias arquetípicas irão encontrar expressões como tipos de personalidades arquetípicas, dos quais cada um de nós é, em certo sentido uma mistura. A Árvore da Vida é para ser entendida como um modelo de muitas realidades que se interpenetram: de divindades, de aspectos da psique, de aspectos funcionais da criação, entre outros ainda não abordados. Cada uma das esferas da Árvore será descrita brevemente.
 
 
 
Esfera 01 – Ausar - Obatalá


Onipresença - Tema Central.
A Esfera 01 na árvore corresponde ao   Deus manifestado no mundo, e é a imagem espelhada da esfera 0(zero) em cima da árvore. Ou seja, onde a Esfera 0(zero) representa Deus não manifestado, ou  Deus "escondido", a Esfera 1 na árvore representa Deus no mundo. A Esfera 1 representa o aspecto mais elevado do espírito do homem, que está ainda adormecido em todos nós, com exceção de certos adeptos ou "homens-Deus na terra", como: Jesus, Buda, e os "Seres Superiores" da Bonaabakulu Abasekhemu . A Esfera 01 representa a "Centelha Divina" dentro de todos nós. O desafio é criar e estabelecer nossa consciência individualizada na parte do Espírito correspondente a Esfera 01. De acordo com a cosmologia Africana, este é um processo que leva incontáveis ​​encarnações, mas se consciente ou inconscientemente, é uma viagem na qual todos nós estamos embarcados. O aspecto da criação e do Espírito correspondente a Esfera 01 na Árvore é chamado Ausar na tradição Kamitic.
 
Na tradição yorubá, é chamado de Obatalá. O atributo que define a manifestar Deus no mundo é a onipresença. Por extensão, o princípio da onipresença é também o princípio do tema central, como aquela que infunde todos os aspectos de uma coisa, ou a realidade, daí Ausar e Obatalá são as divindades que regem a cabeça e clareza de visão, propósito, etc.
 
Esfera 2 – Tehuti – Orunmilá
Onisciência - Vontade Divina.
 
A Esfera 2 sobre a Árvore da Vida representa o atributo da onisciência. A divindade representada pela Esfera 2 da árvore é chamado Tehuti, às vezes Djehuti, na tradição Kamitic. Como já mencionado, Tehuti era conhecido pelos gregos como Thoth. É esta faculdade de sabe-tudo que constitui a base para toda adivinhação, que é um método pelo qual o homem pode se comunicar com a divindade da segunda Esfera – O Oráculo, ou a divindade através do qual Ausar fala. A divindade de Esfera 02 fala ao homem através de toda a variedade de veículos, por exemplo, através do lançamento de moedas, como o I Ching, o desenho das hastes, o sorteio dos ossos, a leitura de folhas de chá, Jogo de búzios, Ikin e Opelé Ifá, e na elaboração de cartas de um baralho. Ra Un Nefer Amen recuperou , o Grande Oráculo de Tehuti, que fala, por assim dizer, por meio de cartas semelhantes às do Tarô. No panteão Yoruba, Orunmilá é a divindade que representa a sabedoria e é responsável por toda adivinhação. Ifá está relacionado, e é o nome dado ao sistema de adivinhação utilizado pelos Babalawo Yoruba, assim como a religião tradicional praticada pela Yorubá. É através da Esfera 02, que a vontade de Deus pode ser conhecida. Além dos sistemas de adivinhação, a faculdade da onisciência do Criador pode ser manifestada através da vida dos sábios e adeptos que puderam através do culto espiritual ou através de ajuda divina, para estabelecer sua consciência na parte do Espírito representado pela esfera 02 na árvore.
 
Próxima Postagem - Esferas 03 e 04
Notas:
* Bonaabakulu abasekhemu
Irmandade, usando o discurso Bantu antigo, que é a língua-mãe do grupo mais amplo de línguas no continente.
The Brotherhoodwasfounded in Egypt in thereignofthePharaohCheops; its founderbeing a priestof Isis. A Irmandade foi fundada no Egito durante o reinado do faraó Quéops. It hasas its objectsthespreadingoftheWisdomwhich comes fromofOld amongallracesandtribes in Africa, andthestudyandpracticeby its membersofwhatwecallUkwazikwesithabango, whichmeansthatsciencewhichdependsonthepowerofthought. Tem como seus objetos a propagação da sabedoria que vem da antiga entre todas as raças e tribos da África, bem como o estudo e a prática dos seus membros do que chamamos de Ukwazikwesithabango, o que significa que a ciência que depende do poder do pensamento. It istheonlytruesciencethereis. É a única verdadeira ciência que existe.
**Amen (Amon) e Amen-Ra
O rei dos deuses, e a tríade de Tebas, antiga capital egípcia.
A palavra ou a raiz Amen, certamente significa "o que está escondido", "o que não se vê", "o que não pode ser visto", e assim por diante, e este fato é comprovado por dezenas de exemplos que podem ser coletados a partir de textos de todos os períodos.  
 
 
Por Ifá Korede Emerson Fernandes
Fontes de Consulta:
- Metu Neter
-  A Sabedoria Antiga na África - Patrick Bowen

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O QUE É TEOSOFIA?








Se você perguntar aos teosofistas “O que é a Teosofia?” obterá uma grande variedade de respostas. Alguns lhe dirão que é uma visão globalizada que dá significado e propósito à vida. Outros, que é a Sabedoria Antiga, uma filosofia espiritual que está presente desde tempos imemoriais. Outros ainda, que propõe um estilo de vida, uma senda que conduz à paz e compreensão através do serviço. Teosofia é tudo isso e muito mais.
Trata-se de uma visão global que dá ênfase à Unidade e à interconexão de tudo o que vive e à identidade básica entre todas as espécies na Terra e entre todos os povos.
Não espera credulidade nem se baseia em dogmas, pois sua filosofia busca a compreensão e dispensa fé cega. Não se trata de uma religião, apesar de muitas de suas idéias e conceitos serem fundamentados tanto em antigas quanto em modernas religiões. Seus princípios foram estabelecidos por clarividentes e sábios em eras remotas.
 Por conta disto é chamada “A Sabedoria Antiga”, “Tradição-Sabedoria”, a filosofia perene.



A DOUTRINA SECRETA

 

 
 
Uma brilhante visão geral da Teosofia chegou ao Ocidente em 1888 com a publicação da Doutrina Secreta, escrita por Helena Petrovna Blavatsky. Neste livro, fonte de sabedoria espiritual, a autora menciona antigos sábios, tais como Platão, Confúncio, Gautama Buddha, Jesus, além de filósofos, cientistas e pensadores de sua época.
 
Ela extraiu destas e de outras fontes os fios que entrelaçam, na tapeçaria cósmica, as imagens permeadas pela inteligência e pelo espírito, como se fosse divinamente guiada desde o interior. Retratou os humanos como sendo tanto terrenos como divinos e com um vasto potencial adormecido a ser desvelado nos futuros ciclos da evolução. Descreveu nossa natureza sétupla com sua crescente capacidade de elaborar maiores expressões, emoções e sentimentos, sobre o pensamento concreto e abstrato, sobre a intuição, a compaixão, a consciência da unidade e o anseio espiritual. Esclareceu como os mundos suprafísicos em torno de nós permeiam o mundo físico visível, de onde uma inteligência e uma energia sutís se expressam em nós e em toda a natureza. Dos vários conceitos citados pela Teosofia desde que Blavatsky escreveu a Doutrina Secreta, nenhum foi mais completo ou profundo.

 

UMA VISÃO DOS PROPÓSITOS



 
 A Teosofia responde à nossa busca de um sentido com a idéia de que nós e o universo caminhamos para desvelar os poderes latentes do espírito e da consciência. Isto atende à nossa necessidade de pertencermos a algo mais grandioso que nós mesmos, aponta à chama, em cada um de nós, que é sempre parte da Vida Divina da qual tudo emana. Explica que a vida semeia desigualdades como consequência do karma, a lei do equilíbrio, que nos dá referências para as nossas ações e nos educa.  Isto expande nossa perspectiva até o conceito de que há um “continuum” em muitas vidas, através do quê, crescemos em direção à maturidade espiritual. 
 
 
 
UMA ATITUDE DE VIDA
 
 Há uma atitude implícita na Teosofia, na qual buscamos realizar nossa unidade com todos os outros e aspirarmos despertar nossos mais altos potenciais como a intuição, o entendimento, a percepção, o amor e a compaixão. A Teosofia nos encoraja a expandir nossas mentes através do estudo, expandir nossos corações através da compreensão do outro indo em sua direção e nos esmerando através de um trabalho útil e do serviço altruístico. Encoraja à autocrítica e ao autoexame para que possamos purificar e melhorar nosso caráter, vencendo assim os obstáculos para que realizemos a Vida Divina que se expressa através de nós. O estudo da Teosofia nos inspira a meditar, de modo que possamos tranquilizar nossas mentes e emoções para que encontremos o centro de nossa consciência, a verdadeira essência.
 
 

As bases da Teosofia são razoáveis e de fácil compreensão, mas há também assuntos profundos que desafiam nossa intuição e necessitam de toda uma vida de estudos, para aqueles que sentirem tal inclinação. Qualquer um pode ter uma vida de teosofista buscando a harmonia com a natureza e tudo o mais. Mas esta senda pede que se deixe para trás o homem comum e que se busque desvelar os mais elevados potenciais espirituais. Desta forma, a Teosofia oferece uma filosofia através da qual a vida no presente conduz a um crescimento sem limites.
 
Frequentei por um tempo a loja teosófica no centro do RJ, e de lá extrai a base para este resumo.
 
Por Ifá Korede Iyemi Songo Fe Mi Emerson Fernandes
 
 
 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

ABIKU - "NÓS NASCEMOS PARA MORRER"



ABIKU - A = Nós; Bi = Nascer; Ku = Morrer [Nós nascemos para morrer]

  No Orun; um mundo paralelo que nos rodeia, onde vivem Deuses e Antepassados, palavra facilmente traduzível por Céu; mora um grupo de crianças chamado Egbe Orun Abiku - as crianças que nascem para morrer em curto espaço de tempo, gerando grande sofrimento para as suas famílias.
  As meninas são chefiadas por Oloiko [chefe de grupo]    e os meninos por Ìyájanjasa [a mãe que bate e corre].
  A permanência dos Abiku ou Emere é condicionada a um pacto que fazem na vinda do Orun para o Aiye [a Terra] com Onibode Orun, o porteiro do Céu.
  Este pacto é cumprido rigorosamente pelos Abiku, uma criança cujo acordo for não nascer, realmente não nascerá; outra que combine voltar quando romper seu primeiro dente, terá morte súbita, por acidente ou por doença, horas ou dias após o aparecimento deste dente.
  Quando uma criança Abiku nasce, seu par, aquele seu companheiro mais chegado no Orun, começará a interferir em sua vida, atormentando-a, aparecendo-lhe em sonhos, a fim de que não se esqueça de seus amigos do Orun e rapidamente volte para eles, assim que houver cumprido o seu pacto.
  Várias histórias de Abiku nos são relatadas nos Itan Ifá, pelos odú Odi, Obara, Ejiogbe, Irete-Irosun, Otura-Rete, Iwori-Wosa entre outros [ Tradição oral ].
 

IWORI-WOSA
  O dia que uma criança dá o aviso que vai se suicidar
  Não se pode permitir que sua intenção se concretize
  Ifá foi consultado para Matanmi (não me engane)
  Que estava vindo do Céu para a Terra
  Ele foi avisado que deveria fazer sacrifício
  O que devemos sacrificar para não sermos enganados pela Morte?
  ...
  O que devemos sacrificar para não sermos enganados pela Doença?
  ...
EJIOGBE
  O olho da agulha não goteja pus
  No banheiro não se põe uma canoa a navegar
  Ifá foi consultado para Òrúnmìlà
  Quando ele fazia um pacto com Emere (Àbíkú)
  Um pacto fora feito com Emere (Àbíkú)
  Ele não iria morrer logo na flor da idade
  O caso do Emere (Àbíkú) agora fica seguro com Ifá
  A primeira vez que os Àbíkú vieram para a Terra foi em Awaiye, rei de Awaiye, num grupo de duzentos e oitenta, trazidos por Alawaiye, rei de Awaiye e chefe deles no Òrun. Na vinda para a Terra, todos pararam no portal do Céu e vários pactos foram feitos. Eles voltariam ao Òrun
quando:
  - Vissem pela primeira vez o rosto de sua mãe;
  - Casassem;
  - Completassem 7 dias de vida;
  - Tivessem novo irmão;
  - Construíssem uma casa;
  - Começassem a andar.
  E nenhum queria aceitar o amor de seus pais, e os presentes e mimos seriam insuficientes para retê-los na Terra, e talvez alguns absolutamente não nascessem.
  Esta primeira leva de crianças Àbíkú combinaram entre si também roupas, rituais, chapéus e turbantes, tingidos de òsun que teriam valor simbólico de 1.400 búzios e que, se seus pais adivinhassem estas roupas e dessem-nas como oferendas, poderiam segurá-las na Terra.
  As roupas seriam colocadas penduradas nas árvores do Bosque Sagrado dos Àbíkú, em Awaiye, e seus pais fariam anualmente uma festa, com tambores e cantigas, para alegrar os Àbíkú, que seriam untados com òsun, e não voltariam mais ao Òrun, rompendo assim o pacto feito, e seu vínculo com o Egbe Òrun Àbíkú.
Outras histórias são contadas por Òrúnmìlà sobre crianças que, depois de várias idas e vindas entre o Céu e a Terra, puderam ser conservadas vivas, devido a seus pais terem consultado Ifá e feito os Ebo determinados por Òrúnmìlà, trocando ou acrescentando um nome que os desanimassem de morrer novamente, usando folhas sagradas em fricções nos seus corpinhos, para afastar os outros companheiros Àbíkú, colocando em seus tornozelos Sawooro , fazendo em seus corpos pequenas incisões, e através delas inserindo pó preto e mágico de uma mistura de folhas, e com este mesmo pó enchendo um amuleto de couro em forma de pequeno saco, chamado Óndè que seria preso à cintura da criança.
  Alguns Àbíkú também deveriam colocar em seus tornozelos pesadas argolas e correntes que não os deixariam fugir para o Òrun. As oferendas eram feitas como recomendavam os Itan Ifá - roupas e chapéus tingidos com òsun, alimentos, guizos, búzios, doces, bebidas, dentre outros segredos a serem entregues no Bosque Sagrado, ou enterrados à margem de um rio, ou soltas nas águas.
  Estes Ebo possibilitariam aos pais reter seus filhos na Terra, e eles não morreriam mais.
  Porém, se apesar das oferendas, os chefes das Comunidades Àbíkú, Oloiko e Iyajanjasa insistissem em vir à Terra em busca de suas crianças, e conseguissem levá-las de volta ao Òrun, os pais deveriam marcar seus corpos, para que seus pares no Òrun não os reconhecessem ou aceitassem de volta. 
Também pelas marcas seriam reconhecidas quando voltassem à Terra e não quereriam mais nascer.
 
 
  Nas terras de ancestralidade Yorùbá, uma mãe que perde vários filhos antes ou depois do nascimento, por morte brusca, súbita ou inexplicável, procura um Bàbáláwo e descobre estar dando a luz a uma criança Àbíkú, que pode nascer e morrer inúmeras vezes impedindo-a também de ter filhos normais.
O Bàbáláwo indica a necessidade de Ebo, o uso de folhas, procedimentos estes usados para afastar o Àbíkú, se os filhos da mulher estiverem mortos, e para que ela possa gerar crianças perfeitas. Ou para reter a criança na Terra e romper seu vínculo com o Òrun, mantendo-a viva.
  Até que a criança complete nove anos, sempre próximo à data do seu aniversário, determinadas oferendas serão feitas e depois repetidas até o Àbíkú completar dezenove anos.
  A criança deverá usar roupas especiais, com enfeites e cores específicas, seu nome deve ser mudado ou a ele acrescentado outro, que desestimule sua volta ao Òrun.
  Guizos em quantidade devem ser presos a seus brinquedos, roupas, tornozelos, pulso, pois o som dos guizos faz bem ao Àbíkú e afasta os amigos do Céu.
  A fava Éerù, no Brasil chamada Bejerekun, deve ser usada em banhos e chás, pacificando a criança, Efun também pode ser utilizado para acalmá-la.
Vários povos ao redor do Golfo de Guinéa tem a mesma crença nos Àbíkú, embora dêem à eles nomes diferentes. Os Nupe chamam-nos de Kuchi ou Gaya-Kpeama. Entre os Ibo, são chamados Ogbanje ou Eze-Nwanyi ou Agwu ou ainda Iyi-Uwa Ogbanje. Já os Haussa chamam-nos Danwabi ou kyauta. 
Os Akan denominam a mãe de um Àbíkú Awomawu e entre os Fanti são conhecidos por Kossamah.
  Famílias que já perderam um ou mais filhos, tendem a buscar na religião um consolo e uma explicação para estas mortes, e é dever da Tradição de Òrìsà e do Candomblé Ketu, estar apta para oferecer, além de um amparo religioso que diminua o sofrimento dos pais, uma solução para que tal tragédia não mais ocorra.
  Temos muita pouca literatura em português sobre o assunto, talvez apenas a tradução de um excelente artigo de Pierre Verger, publicado em 1983 na Revistas Afro-Asia no 14, com uma explanação ampla sobre Itan Ifá, Oruko Àbíkú, folhas e Ofo do qual farei citações literais mais adiante.
  Outros autores africanos, franceses e ingleses falam sobre o assunto, em considerações superficiais ou profundas, mas suas publicações não estão disponíveis para a quase totalidade do sacerdócio brasileiro.
  O fato de não possuirmos no Brasil local determinado, como a Floresta Àbíkú de Awaiye, não nos impede de sacralizar parte de um bosque para receber as oferendas das famílias das crianças Àbíkú.
 
 
 
Nada porém dever ser feito sem confirmação e autorização de Òrúnmìlà, pois só a ele cabe nos orientar em nossas dificuldades e dúvidas.
 
 
Por Ifá Korede Iyemi Songó Fé Mí
 
 


Òkòtó é o cálculo matemático da cabeça de Èsú...

  
Foto: Oòkòtó é uma espécie de caracol e aparece nos motivos das esculturas e como emblema entre os que fazem parte do culto de Èsú. Ele consiste em uma concha cônica cuja base é aberta, utilizado como um pião. O òkOtó representa a história ossificada do desenvolvimento do caracol e reflete a regra segundo a qual se deu o processo de crescimento; um crescimento constante e proporcional, uma continuidade evolutiva de rìtmo regular. O òkòtó simboliza um processo de crescimento.O òkòtó é o pião que apoiado na ponta do cone- um só pé, um único ponto de apoio- rola "espiraladamente" abrindo-se a cada revolução, mais e mais, até converter-se numa circunferência aberta para o infinito (cume oco ). É Ifá quem diz; " ò ni, òkòtó, ò ni, Agbegbe lójú bèè ló si n fi esè kan gogogo pòòyi rányinrányin
kálè" trad; Ele diz; òkòtó (pião-caracol), Ele diz; ele tem um amplo cume oco.
Assim òkòtó com uma só perna ,rola por toda a superfície do solo. Esse odù foi recitado pelo Babálawo Ifátoogun para ilustrar as múltiplas variedades de Èsú- orísírisí Èsú-- para explicar seu papel como fator de expansão e de crescimento a partir de um único Èsú_ o pé do òkòtó, Àgbá Èsú_ de cuja natureza as múltiplas unidades participam. Òkòtó ilustra não só que os Èsú, "apesar de numerosos, sua natureza e sua origem é única ", mas também ele explica o significado dinâmico, sua maneira de crescer e de se multiplicar "em espiral ". Èsú é UM multiplicado ao infinito. Em numerosos textos e cantigas encontra-se essa relação de Èsú com o número 1. Assim, numa parte do itan que ilustra esse Odù, conta-se que, quando Èsú acabou de se preparar para vir do òrun ao àiyé já que "queria abençoar aqueles que não eram numerosos na terra, e porque ele percebia claramente que as cidadezinhas se lastimavam amargamente por não crescer ", ele convocou todos os seus descendentes no òrun, "os filhos de seus filhos, de geração a geração", e os contou durante longo tempo; "eram mil e duzentos, Àgbà Èsú, ele própio, o rei de todos, acrescentou UM a seu número, o que fez 1201". Assim interpretasse que "a adição de uma unidade ao número redondo evoca a continuação... o número redondo, ao contrário,... marca uma paralização na numeração, logo, por analogia, uma paralização das relações sociais das partes, um limite.... " Essa capacidade dinâmica de Èsú que tanto permite a Sàngo lançar suas pedras de raio como a Òsányìn preparar seus remédios, esse poder neutro que permite a cada ser mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos, é conhecido sob o nome de Agbára. Èsú é o senhor-do-poder, Elegbára, ele é ao mesmo tempo seu controlador e sua representação. Olórun delegou esse poder a Èsú ao entregar-lhe o Àdó-iràn, a cabaça que contém a força que se propaga. O Àdó-irán constitui um de seus principais emblemas e está presente nos "assentos" e em numerosas esculturas sob a forma de uma cabaça de longo pescoço apontando para o alto que Èsú carrega em sua mão. Principio dinâmico e símbolo complexo que participa de tudo o que existe, em sua força abstrata , Èsú só precisa apontar seu àdó para transmitir a força inesgotável que tem. Èsú, como Ifá, possui um culto e sacerdotes, mas por causa de seu significado está ligado a todos os cultos dos ìrúnmolè, tanto òrisà como ancestrais, participando de todos eles. Èsú o primogênito do universo. "ORERE TI NDU ORI ELEMERE, BABÁ MI TA MI L'ORE OLA MO SIRE AGBE RODE O " . Trad; Èsú o bondoso, que se preocupa, em melhorar a qualidade de vida, de todos os seres. Oh! meu pai, me presenteie com a prosperidade, fui propagar a sua sabedoria à todas as pessoas.

Este texto é um resumo de pesquisas feita no livro os nagô e a morte.
Postado por Iyalorisa e Iyanifa Ifayemi
Por Ifá Talabi Sola Oju Oba Omi
 
O òkòtó é uma espécie de caracol e aparece nos motivos das esculturas e como emblema entre os que fazem parte do culto de Èsú. Ele consiste em uma concha cônica cuja base é aberta, utilizado como um pião. O òkòtó representa a história ossificada do desenvolvimento do caracol e reflete a regra segundo a qual se deu o processo de crescimento; um crescimento constante e proporcional, uma continuidade evolutiva de ritmo regular. O òkòtó simboliza um processo de crescimento. O òkòtó é o pião que apoiado na ponta do cone- um só pé, um único ponto de apoio- rola "espiraladamente" abrindo-se a cada evolução, mais e mais, até converter-se numa circunferência aberta para o infinito (cume oco ).
É Ifá quem diz: " ò ni, òkòtó, ò ni, Agbegbe lójú bèè ló si n fi esè kan gogogo pòòyi rányinrányin kálè"
Tradução: "Ele diz: òkòtó (pião-caracol), Ele diz: ele tem um amplo cume oco.
Assim òkòtó com uma só perna, rola por toda a superfície do solo."
 Esse Odú foi recitado pelo Babálawo Ifátoogun para ilustrar as múltiplas variedades de Èsú- orísírisí Èsú para explicar seu papel como fator de expansão e de crescimento a partir de um único Èsú_ o pé do òkòtó, Àgbá Èsú,  de cuja natureza as múltiplas unidades participam. Òkòtó ilustra não só que os Èsú, "apesar de numerosos, sua natureza e sua origem é única ", mas também ele explica o significado dinâmico, sua maneira de crescer e de se multiplicar "em espiral ".
 
 
 
 Èsú é UM multiplicado ao infinito. Em numerosos textos e cantigas encontra-se essa relação de Èsú com o número 1. Assim, numa parte do itan que ilustra esse Odú, conta-se que, quando Èsú acabou de se preparar para vir do òrun ao àiyé,  já que "queria abençoar aqueles que não eram numerosos na terra, e porque ele percebia claramente que as cidadezinhas se lastimavam amargamente por não crescer ", ele convocou todos os seus descendentes no òrun, "os filhos de seus filhos, de geração a geração", e os contou durante longo tempo; "eram mil e duzentos, Àgbà Èsú, ele próprio, o rei de todos, acrescentou UM a seu número, o que fez 1201". Assim interpretasse que "a adição de uma unidade ao número redondo evoca a continuação... o número redondo, ao contrário,... marca uma paralização na numeração, logo, por analogia, uma paralização das relações sociais das partes, um limite.... " Essa capacidade dinâmica de Èsú que tanto permite a Sòngó lançar suas pedras de raio como a Òsányìn preparar seus remédios, esse poder neutro que permite a cada ser mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos, é conhecido sob o nome de Agbára. Èsú é o senhor-do-poder, Elegbára, ele é ao mesmo tempo seu controlador e sua representação. Olórun delegou esse poder a Èsú ao entregar-lhe o Àdó-iràn, a cabaça que contém a força que se propaga. O Àdó-irán constitui um de seus principais emblemas e está presente nos "assentos" e em numerosas esculturas sob a forma de uma cabaça de longo pescoço apontando para o alto que Èsú carrega em sua mão. Principio dinâmico e símbolo complexo que participa de tudo o que existe, em sua força abstrata , Èsú só precisa apontar seu àdó para transmitir a força inesgotável que tem. Èsú, como Ifá, possui um culto e sacerdotes, mas por causa de seu significado está ligado a todos os cultos dos ìrúnmolè, tanto òrisà como ancestrais, participando de todos eles. Èsú o primogênito do universo.
 "ORERE TI NDU ORI ELEMERE, BABÁ MI TA MI L'ORE OLA MO SIRE AGBE RODE O " . Tradução: "Èsú o bondoso, que se preocupa, em melhorar a qualidade de vida, de todos os seres. Oh! meu pai, me presenteie com a prosperidade, fui propagar a sua sabedoria à todas as pessoas".

Este texto é um resumo de pesquisas feita no livro os nagô e a morte.
Postado por Iyalorisa e Iyanifa Ifayemi

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O Olho de Hórus - Uma Breve e Interessante Síntese


Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o direito, o Sol.

 
 
Durante uma luta, o Deus Set arrancou o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por este amuleto .

As linhas abaixo do olho esquerdo de Hórus representam as lágrimas de dor e sofrimento e correspondem aos padrões de plumagem do falcão

O olho de Hórus era a união do olho humano com a vista de um falcão, animal associado ao Deus.

Antigo símbolo egípcio. Representa o olho divino do deus Hórus, freqüentemente é usado para simbolizar a proteção espiritual e também o poder clarividente do Terceiro Olho.

 
Hórus era uma das divindades egípcias mais antigas e possuía vários aspectos e formas. Era representado na forma de um falcão. A palavra egípcia que faz partes de seu nome - her - significa "aquele que está no alto" ou "que está distante", numa referência ao vôo do falcão ou ao aspecto solar do deus. Ele era imaginado como um falcão cujo olho direito é o sol e o esquerdo a lua. As plumas de seu peito representavam as estrelas e suas asas abertas o céu. O bater de suas asas produzia o vento. Também era uma divindade solar - o falcão atravessava o céu como o sol em sua jornada diária. Era chamada por isso de "deus do oriente" ou "Hórus dos dois horizontes" (Horakhty), podendo se fundir com o deus sol Rê. Como filho de Ísis e Osíris, Horus era a encarnação do faraó portando o título de "Senhor das Duas terras" (o Egito). Hórus vingou seu pai, assassinado por Set e conquistou o trono que havia sido usurpado pelo tio. Na forma de Hórus criança (Harpócrates) era protetor das crianças, representado com o dedo na boca ou sendo amamentado por Ísis.

Hórus era filho de Isis e Osiris. Quando jovem, ao lutar contra o próprio tio, Seth, para vingar a morte do pai, isso numa luta que durou 3 dias e 3 noites, Hórus perdeu um olho. Os outros deuses em recompensa, o presenteraram com um olho mágico, o chamado "olho de Hórus". Não importa se é o olho esquerdo ou direito, o que conta é o contexto. Mas, por Hórus ser o deus dos céus, atribui-se o olho direito ao sol e o esquerdo à lua, e as linhas negras referem-se aos contornos dos olhos de um falcão, a mesma ave que o representa.


Curioso também é que Seth é o equivalente ao Hades da mitologia grega ou o Lúcifer do cristianismo, o lado do mal.

Quem tiver mais interesse sobre a Mitologia Egípcia, é só pedir que publico.

Asé!
Paz e Bem!
Por Ifá Korede Emerson Fernandes
Texto retirado do Livro Metu Neter e do Livro dos Mortos.