Eyele

Eyele
Ifá Espirito Santo Liberdade

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ORUNMILÁ- IFÁ, A DIVINDADE ORACULAR DOS YORUBAS

Por Ifá Korede Emerson Fernandes

A Religião Tradicional Yorubá, originária da Nigéria, Togo e República do Benin (África Ocidental), uma das raízes do Candomblé, da Umbanda e de outras práticas religiosas brasileiras, tem seu panteão de divindades constituído pelos Orixás e regido por Eledunmare, o Ser Supremo. Seu riquíssimo corpus literário, oralmente transmitido através das gerações, compõe um corpo teológico denso e coerente, mantido invisível em alguns países da diáspora, e uma liturgia bastante complexa.
 
Orunmilá, ou Ifá, a divindade oracular dos Yorubás, é respeitado por sua sabedoria. A palavra Orunmila, formada da contração de orun-l'o-mo-a-tila, “Somente o Céu conhece os meios de libertação”, resulta também da contração de orun-moola, “Somente o céu pode libertar”. A palavra Ifá tem por raiz fa, que significa “acumula”, “abraçar”, “conter”, indicando que todo o conhecimento tradicional Iorubá acha-se contido no Corpus Literário de Ifá, o Odu Corpus, conjunto de conhecimentos esotéricos e registros históricos dessa milenar tradição.

Eleri-ipin, testemunha (ou defensor) do destino humano, Ifá presencia o nascimento de todos os seres. Somente ele conhece o ipin ori, destino do ori (Essência Divina), e pode sondar o futuro e orientar quem o procura. Por isso é consultado nos momentos críticos da existência.

A palavra Orunmilá designa a divindade, enquanto a palavra Ifá designa, simultaneamente, a divindade e o sistema divinatório a ela associado. Para orientar os que o procuram, o sacerdote de Ifá, chamado Babalawo, pai do segredo, reporta-se ao Odu Corpus que, além de preservar a história dos Orixás, preserva também ensinamentos sobre curas com recursos naturais, razão pela qual deve conhecer, além da prática divinatória, o preparo de remédios.

ORUNMILÁ, PAI DO ORÁCULO SAGRADO
Por Eliane Haas

Orunmilá é o Orixá Senhor da sabedoria (ogbon) e do conhecimento (imo), que tendo adquirido o direito de viver entre o orun (o além) e o aiyê (o mundo material) , tudo sabe e tudo vê na totalidade dos mundos. Por isso recebeu o título de gbaiye gborun : aquele que vive tanto no céu como na terra, transcendendo espaço e tempo.
Como testemunha da criação universal é chamado também de elerii ipin e detém o conhecimento do passado, presente e futuro do destino de todos os habitantes do aiyê e do orun em todas as dimensões cósmicas.

Na Terra, Orunmilá é quem apresenta o destino ao reencarnante por ocasião da sua concepção (kadara) e, mediante aceitação pelo livre arbítrio individual, libera o indivíduo para o ( re-) nascimento. Conhece todos os destinos e como propiciar o sucesso em todos os âmbitos, alem de revelar o Orixá pessoal de cada um, ou seja, a substância da qual cada um foi extraído na atual existência e como integrar o indivíduo a este princípio Divino.
Como a religião yorubá é totalmente baseada em mitos (itan) que constituem a literatura de Ifá, conta-se que,
" após permanecer na Terra por algum tempo, Orunmilá retornou ao orun, esticando uma longa corda pela qual ascendeu. Os seres humanos ficaram totalmente desorientados. O caos, a fome e a peste imperaram na Terra, já que ele era o porta-voz da vontade de Olodumare - a Suprema Divindade Universal. O ciclo de fertilidade das plantas e animais foi interrompido, trazendo ameaça de extinção. O clamor pela sua volta não foi atendido, mas deixou com seus filhos os 16 ikin (coquinhos de dendezeiro) , que se transformaram num importante instrumento de adivinhação denominado "ikin". Entregou os ikin instruindo que sempre que desejassem as coisas boas e realizações positivas na vida, deveriam consultar os coquinhos. Daí nasceu o sistema oracular denominado Ifá, que auxilia o ser humano na resolução dos seus problemas cotidianos, nos conflitos e nas dúvidas existenciais, como mediador entre o humano e o divino. Assim, Orunmilá é considerado o Pai do Oráculo."
Uma modalidade oracular mais simples é o ibo e a mais popular das três é o opele ifa. Apenas sacerdotes iniciados no culto de Orunmilá - os Babalawos – são credenciados para utilizar esses oráculos.
Os oráculos são baseados no sistema binário e comportam 256 combinações matemáticas que definem os caminhos de Odu, com seus milhares de itan (mitos) e owe (parábolas). Sua missão foi organizar as relações humanas, ajudar na doença, orientar nas contendas de todo tipo de assunto, valendo-se para isto dos itan relatados pelos Odu.
Todo o corpo filosófico da religião yoruba se resume nesses signos de Ifá – os Odu , que por sua vez se subdividem em caminhos com os respectivos itan, que são mitos de instrução, orientação e aconselhamento.
O nome de Orunmilá e o do sistema oracular opelê ifá muitas vezes se confundem e o culto a Orunmilá passou a ser conhecido como Ifá. Já o oráculo merindilogun – o popular jogo de búzios – mediante interferência do Orixá Exu, pertence a Oxun e pode ser consultado por sacerdotisas. No jogo de búzios utilizam-se 16 kawri (búzios) no qual respondem os 16 odu principais, num total de 70 caminhos e os orixás que respondem através deles. Independente da modalidade utilizada, para cada caminho há um itan a ser interpretado.
Na tradição religiosa Yorubá, nada se empreende sem prévia consulta ao oráculo e todo procedimento ritualístico dele depende. Conforme informado anteriormente, o oráculo é a única opção autorizada e confiável quanto à definição do Orixá pessoal, responsável pela cabeça do ser humano.
 
 
Orunmilá é o interventor e defensor dos seres humanos, sempre tentando minorar os sofrimentos e dificuldades que enfrentam na saga das suas sucessivas existências na Terra.

Um comentário:

  1. Parabéns Ifá Korede pela belissima definição do ORUNMILÁ- IFÁ.

    podemos então dizer que IFÁ é a forma de adivinhação apresentada por Orunmila Ifá. Existem várias formas de jogo de Ifá, Orúnmila Ifá é uma dessas formas. Orunmila-Ifá é um dos nomes da divindade de Ifá; é certamente o sistema tradicional mais seguro para a confirmação do òrìsà do consulente, isto porque, Orunmilá está presente quando da criação do ser humano, e por este motivo é conhecido como Eléríí Ipín (testemunha a criação). Ele é o segundo braço de Olódúnmaré (Deus criador), é por isso que o babalawo quando joga interpreta as lendas indicadas pelo Odu de Ifa, para dar respostas ao consulente, de acordo com a queda do Opele-Ifá.

    “Assim, o Ikin é mais que um simples caroço que as pessoas vêem, ele possui extrema importância na transmissão do conhecimento de Orunmila para homens e deuses”.
    ( portal dos orixás)

    ResponderExcluir