Este espaço se destina prioritariamente ao estudo do Orisá Orunmilá, do Oráculo Ifá, dos Deuses do Panteão Africano e de assuntos relacionados a Espiritualidade e suas diversas doutrinas buscando sempre o auto conhecimento e evolução.
Eyele
Ifá Espirito Santo Liberdade
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
D A F A - UM PODEROSO SISTEMA PARA OUVIR A VOZ DO CRIADOR.
O fundamento da divinação em Ifá é a habilidade em interpretar os Odù (o texto sagrado da divinação em Ifá) sob a direção e influência de Elà, o Espírito de Luz ou o Espírito de Pureza. A palavra Elà é uma elisão do pronome pessoal 'e' com 'alà' que significa "luz". A sabedoria de Ifá está baseada nos ensinamentos do profeta histórico Orúnmìlà que recebeu inspiração do Espírito de Elà. Todos os awo (Babaláwos) que são iniciados em Ifá são considerados descendentes de Orúnmìlà e portais para o Espírito de Elà como resultado da transformação que acontece durante iniciação em Ifá.
Na Diáspora há algum debate sobre a questão se os Babalawos de Ifá não entram em possessão. Este pode ser um problema semântico baseado nas palavras limitadas em inglês que se aplicam a este tipo de fenômeno. Não há nenhuma dúvida em minha mente que o Babaláwos com quem eu estudei na África, entram em um estado alterado de consciência durante divinação. Eles se referem a este estado como "eu retorno ao tempo em que Orúnmìlà caminhou sobre a terra". Em um nível subjetivo é um lugar de saber profundamente e de se lembrar profundamente. A fim de que o divino esteja apto, a cabeça e o coração devem estar em alinhamento perfeito. Deste lugar de alinhamento é possível se conectar com formas de consciência no reino invisível. Neste lugar os problemas e soluções aparecerem simultaneamente ao Babaláwo. É quase como um reflexo condicionado que dá ao Babaláwo uma certeza interna eles estão caminhando para a resolução de um problema particular. O estado alterado de Ifá é diferente que as formas de possessão comuns entre os cultuadores de Òrìsà (Forças da Natureza) em rituais públicos. A Possessão dos Òrìsà tende a ser mais estática e dinâmica, enquanto ser tocado por Elà é mais introspectivo e quieto.
Após a conexão entre o iniciado e Elà que é feita durante iniciação, o iniciado tem uma responsabilidade em manter e nutrir esta conexão, caso contrário ela se tornará fraca, inacessível e eventualmente desaparecerá. Esta conexão é nutrida pelo ciclo de oração à Ifá. A disciplina de manutenção do ciclo de oração à Ifá também tem o efeito de tornar o Egbe Ifá mais coeso.
Transcrito por Awo Ifákoya, segundo os ensinamentos recebidos do Balogun Awolalu Onisegun Ifase de Ode Remo - Nigéria.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
ILÉ-IFÈ, O BERÇO RELIGIOSO DOS YORUBAS, DE ODÙDÚWÀ A SÀNGÓ
A cidade de Ilé-Ifè é considerada pelos yorùbá o lugar de origem de suas primeiras tribos. Ifè é o berço de toda religião yorùbá (culto aos òrìsà, Candomblé no Brasil), é um lugar sagrado, aonde os deuses ali chegaram, criaram e povoaram o mundo e depois ensinou aos mortais como os cultuarem.
Olódùmarè, o ser superior dos yorùbá, que vive num universo paralelo ao nosso, conhecido como ÒRUN, através dos òrìsà por ele criado, resolve incumbir um dos Òrìsà Funfun (do branco), Òrìsànlá (o grande òrìsà) de criar e governar o futuro àiyé (nosso universo conhecido). Ele lhe entrega o àpò-Ìwà (o saco da existência) o qual contém todas as coisas necessárias para a criação, Òrìsànlá, de posse do àpò-Ìwà, põe-se a caminhar pelo òrun, para chegar à porta do espaço, até então vazio, que viria a ser o àiyé. Ora, Òrìsànlá, o òrìsà que usa um cajado ritual conhecido como òpá-sóró, durante o caminho se defronta com o igí-òpe (árvore do dendezeiro) e com o seu òpá-sóró, perfura o caule da árvore da qual começa a jorrar o emu (vinho da palma), e põe-se a beber, a tal ponto, que cai totalmente embriagado no pé da árvore e dorme profundamente.
Odùdúwà, outro òrìsà funfun, que tinha ficado enciumado, porque Olódùmarè tinha entregado a Òrìsànlá o àpò-Ìwà, estava seguindo-o pelos caminhos do òrun, esperando que ele cometesse algum deslize, o que de fato aconteceu. Odùdúwà, encontrando-o, apodera-se do àpò-Ìwà e leva-o até Olódùmarè, narrando o acontecido, e, por este fato Olódùmarè, delega a o poder de criar o àiyé e incumbe a Òrìsànlá de somente criar e modelar os corpos dos seres humanos no òrun, sob sua supervisão e o proíbe terminantemente de provar o emu. Odùdúwà chegando ao àiyé cria tudo o que era necessário e delega poderes às outras divindades para governar a criação. Como Òrìsànlá já tinha moldado corpos suficientes para povoar o àiyé, Odùdúwà então, funda a cidade de Ilé-Ifè, que se torna a morada dos deuses e dos novos seres.
Após tudo estar em pleno funcionamento, Odùdúwà casa-se com Ìyá Olóòkun (divindade feminina, responsável e dona dos mares) e torna-se o primeiro Oba (rei) do povo yorùbá, com o título de “Oba Óòni”, ou seja, o primeiro Óòni de Ifè. Com Olóòkun, Odùdúwà tem dois filhos, o primogênito, a divindade Ògún e uma filha de nome Isedele. O tempo passa e seus filhos tornam-se adultos, com isso Odùdúwà, que era uma divindade negra, porém albina, incumbe seu filho Ògún de ir para a aldeia de Ogotún, vizinha de Ifè, conter uma rebelião. Ògún, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza o intento, trazendo consigo “Lakanje”, filha do rebelde vencido. Ora, Lakanje era espólio de Odùdúwà que era então o Óòni de Ifè, portanto intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ògún não resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de volta. Chegando a Ifè, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu pai Odùdúwà. Também Odùdúwà não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje e por ela se apaixona e acabaram por casar-se.
Ògún nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e logo após o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um homem de nome Òrànmíyàn. Só que o destino foi fatídico, Òrànmíyàn nasceu metade negra (cor de Ògún) e metade branco (cor do albino Odùdúwà) revelando assim, a traição de Ògún para com a confiança de seu pai. Com Lakanje, Odùdúwà teve mais seis filhos, que geraram as linhagens dos Obas yorùbá e que foram os precursores de sete principais tribos que deram origem à civilização dos yorùbá e, teologicamente falando, toda a população do mundo.
O tempo passa e Òrànmíyàn torna-se o braço direito de seu pai em Ilé-Ifè, pois seus outros irmãos foram povoar regiões distantes. Odùdúwà ordena então que Òrànmíyàn conquiste terras ao norte de Ifè, mas Òrànmíyàn não consegue cumprir a tarefa e sai derrotado e, com vergonha de encarar o pai, não volta mais a Ifè, com isso funda uma nova cidade e lhe dá o nome de Òyó, tornando-se o primeiro Oba Aláàfin de Òyó. Casa-se com Moremi, uma mortal, da qual tem um filho, que recebe o nome de Ajaká. Após algum tempo, Òrànmíyàn investe em novas conquistas e volta a guerrear contra a Nação dos Tapas (onde havia sido derrotado), mas desta vez consegue uma grande vitória sobre Elempe, na época rei dos Tapas. Por sua derrota, Elempe entrega-lhe a filha Torosi, para que se case com ele. Retornando a Òyó, Òrànmíyàn casa-se com Torosi e com ele tem um filho, chamado Sàngó (um mortal, nascido de pais mortais, que somente após sua morte, foi entronizado como divindade). Após este período com inúmeras vitórias, a cidade de Òyó torna-se um poderoso reino. Òrànmíyàn, poderoso e redimido de sua vergonha, volta para Ilé-Ifè, para reinar no lugar de seu pai Odùdúwà, deixando em seu lugar, em Òyó, seu filho primogênito Ajaká, que se torna o segundo Aláàfin de Òyó. Mas Ajaká, meio-irmão de Sàngó, era muito pacífico, apático, e não realizava um bom governo.
Sàngó, percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo muito ambicioso e astuto, destrona Ajaká do poder e torna-se o terceiro Aláàfin de Òyó. Ajaká, também apelidado de Dadá, vai embora de Òyó, pois não poderia mais usar a coroa real de Òyó, e, com vergonha de ter sido destronado, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa, que lhe cubra seus olhos envergonhados, e que somente irá tirar essa coroa quando ele puder usar novamente o Ade que lhe fora roubado. Essa coroa que Dadá Ajaká passa a usar chama-se Ade Bayánni. Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho que se chama Aganju, que vem a ser sobrinho de Sàngó. Sàngó reina durante sete anos sobre Òyó e, com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas, suicida-se, enforcando-se numa árvore. Com o fato consumado, Dadá Ajaká vai até Òyó e assume o trono de que fora destronado. Retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quatro Aláàfin de Òyó.
Após sua morte, assume o trono seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Òyó. Como Aganju não teve filhos, com ele acaba a dinastia de Odùdúwà em Òyó. Assim acaba o primeiro período de formação dos povos yorùbá. De Ifè até Òyó, de Odùdúwà a Aganju, passando por Sàngó. O que notamos nesse primeiro período é que, na realidade, o que se fala de Sàngó e a sua história nos Candomblés do Brasil são incorretos, levando os fiéis a crerem em fatos irreais. Notamos que Odùdúwà é um òrìsà funfun individual, é o pai do povo yorùbá e não uma simples qualidade de Òrìsànlá, ou seja, são divindades totalmente distintas, inclusive não se suportavam, pelos fatos vistos.
Concluímos que Sàngó foi um simples mortal em vida, portanto tornou-se um Èégún quando morreu, pois seus pais eram mortais. O que ocorreu em sua vida foi que a divindade feminina de nome Oya por ele se apaixonou e, no instante de sua morte, ela o pega e o conduz diretamente a Olódùmarè que, por insistência de Oya, o faz ressuscitar e tornar-se uma divindade, já que em vida Oya, perdida de amores, ensina-lhe vários segredos das divindades, principalmente o segredo do fogo que pertencia somente a ela, Oya, e que ela lhe ensina e lhe dá o poder, por paixão. Essa afirmação é facilmente notada, pois Sàngó é a única divindade do panteão que é assentada de forma completamente diferente, isto é, sua roupa é composta de várias tiras de panos, coloridas e soltas, caindo sobre as pernas, que lembra perfeitamente o tipo de roupa usada pelos Baba Égún, e seu animal preferido para sacrifício é também o mesmo dos Égún, o carneiro.
Nos candomblés, citam Ajaká e Aganju como sendo “qualidades” de Sàngó, o que agora sabemos não ser possível, pois Ajaká é seu meio-irmão e Aganju é filho de Dadá Ajaká, portanto seu sobrinho, notoriamente pessoas mortais completamente distintas, que fazem parte da família de Sàngó, mas não tiveram a felicidade de se tornarem divindades. Também, no Brasil, faz-se uma cerimônia chamada de “coroa de Dadá” ou “Ade Bayánni”, que é levada ritualmente em uma charola durante as festas do ciclo de Sàngó, chamada de Bayánni ou Iyamasse. Ora, sabemos que quem usou este Ade foi Ajaká, apelidado de Dadá, de quem Sàngó roubou o trono, e que a mãe de Sàngó foi Torosi, filha de Elempe, rei dos Tapa, que ela não tem nenhuma importância teológica, somente histórica, por ter sido mãe de um Aláàfin. Não estamos condenando nem desmerecendo Sàngó, somente tentamos elucidar fatos notoriamente conhecidos na terra dos Yorùbá.
Este texto é uma contribuição da minha querida Irmã Eliane Haas.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
A Arte de Aprender - Sabedoria e Movimento
"Aprender sempre é experimentar leveza e humildade.
Por em pratica o que se aprende é demonstrar sabedoria e movimento.
Ter sabedoria é saber se movimentar na direção certa.
Todo movimento na direção certa requer determinação em se chegar ao objetivo traçado,
usando a sabedoria para se levantar dos percalços do caminho e usá-la com humildade para voltar a aprender..."
Paz e Bem!
Por em pratica o que se aprende é demonstrar sabedoria e movimento.
Ter sabedoria é saber se movimentar na direção certa.
Todo movimento na direção certa requer determinação em se chegar ao objetivo traçado,
usando a sabedoria para se levantar dos percalços do caminho e usá-la com humildade para voltar a aprender..."
Paz e Bem!
Mojubá Agboniregun Orunmilá Ifá
Ifa Korede Emerson Fernandes
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