Eyele

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Ifá Espirito Santo Liberdade

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

BAPHOMET


BAPHOMET

TEM.´.OHP.´.AB, Baphomet é um acróstico ou sentença iniciática que significa
O Pai do Templo, a Paz de todos os Homens ou TEMPLI OMNIUM HOMINUM
PACIS ABBAS.

Descrição Analítica - Parte 1

Entre os cornos de Baphomet vemos a tocha, porque ele é
o Dadouches, o principal iniciador de Eleusis, o portador da tocha, o
Phosphoros Grego, aquele que trás a luz da Iniciação, associado a Prometeu,
que furtou de Zeus o fogo sagrado (DCJCK), e deu-o aos homens. Para os
romanos ele é LVCIFER, aquele que trás a luz. Note-se que tais significações
estão no seu sentido original, i. e., não maculadas pelo sentido cristão.
Como portador da luz, representada pelo fogo, teremos
que nos focar nas significações deste elemento, uma vez que a tocha existe em
função do fogo. É também o chakra Sahasrara, o lótus de mil pétalas.




CAPUT (Cabeça)


Quem trouxe o fogo aos homens foi Prometeu, segundo o registro de Heródoto em “Os Trabalhos e os Dias”. Tal episódio reproduz com outra simbologia a passagem do Atharva Veda, 12, 2, que proclama: “O Deus Agni escalou os cimos celestiais/ e ao liberar-se do pecado/ ele nos libertou da maldição”. Assim teremos uma semelhança entre Agni e Prometeu, ambos como seres benfazejos ao homem. Agni (raiz etimológica de Ignis = fogo eml atim, veja também que “puro” e “fogo” tem a mesma palavra no sânscrito) é apenas um aspecto do fogo, pois há no hinduismo, três espécies: primeiro Agni, o fogo em si-mesmo, o segundo Indra,o raio e o terceiro Surya, o fogo como Sol, portanto, estes são os arquétipos do fogo terrestre, intermédio e celestial. Seja qual for o aspecto, o fogo (Pyr em persa, πυρ em grego), guarda estreitas relações com os ritos de regeneração e purificação (note aqui a raiz etimológica), portanto, de Iniciação.

Assim a tocha de Baphomet acende o Athanor filosófico, o cadinho onde é gestada a pedra filosofal que será triturada para produzir o Elixir da Imortalidade (Amrita ou Soma). O Athanor assim encontra-se no coração, pois este é o centro do Manipura-chakra, cujo símbolo é triangulo ígneo, segundo os Upanichads. O sistema de chakras também é encontrado no tantrismo tibetano, que consideram apenas cinco centros de força sutil, e que também associa o fogo ao coração. Além disso, o coração é a morada do espírito (Jacob Boheme), e relacionando-se com o espírito e fogo chegaremos ao Espírito Santo, que se manifesta no cristianismo como línguas de fogo no pentecostes. O Logos manifesto. Note que o Espírito Santo é relacionado ao sêmem, pois no BAHIR (Cabala) é dito que o sêmen provêm do cérebro e caminha pela espinha até o falo, este também um símbolo cognato (φαλοσ é um cognato de πιραµισ onde ocorriam iniciações).

No judaísmo, as ofertas ao Tetragrammaton eram queimadas, pelo que nos explica Abu Ya’qub Sejestani, o fogo eleva as coisas ao estado sutil (espiritual) pela combustão do invólucro grosseiro, assim tanto se presta a trazer aos homens o Logos, quanto a levar aos deuses a essência. Vejamos também como tal o sentido dos ritos fúnebres, a cremação dos corpos entre os gregos e os hindus tem o mesmo significado, pois o fogo é não apenas um elemento purificador ou regenerador, mas também seu toque assegura a passagem de um estado a outro. Ainda, o fogo da tocha de Baphomet é o fogo que consome, o fogo devorador, o αγαπε, um dos três aspectos do Amor, segundo Platão (εροσ e φιλοσ são os outros dois), e justamente o aspecto cósmico do amor, e não apenas o sexual (εροτοσ) ou o moral (φιλια). O αγαπε é o amor que leva o Adepto ao auto-sacrifício espiritual, simbolizado pelo ARCANO XII do TARO.

Por fim, sendo o fogo um símbolo do intelecto ou logos, ou de Tipheret para os qabalistas, o sentido pleno só pode ser compreendido em relação aos dois chifres, formando assim um ternário, como nos desvelou E. Lévi. Sem o a tocha, os chifres significam a díada, o dois, o número que, tomado em si mesmo, é a dualidade, o mal (διαβολοσ, origem etimológica de diabo, significa aquele que divide). Em seu aspecto negativo é TOHU V-BOHU (ובהו תהו) o vazio e o amorfo, cujo valor é 430, o mesmo de nephesh (נפש), a alma animal (irracional) do homem.

A tocha entre os chifres sendo o Espírito Santo, RUACH HÁ-KODESH (הפדש רוח), que organiza o vácuo e a matéria, reconciliando o Caos primordial. (Compare com a passagem do Gênesis I, 2.) Sendo o chifre um símbolo do Poder (em hebraico קרנ=chifre, poder, força, provável raiz etimológica da palavra latina “cornu”), sem o Espírito reconciliador, o poder é dividido, e não subsiste, além do que são de caráter lunar e não solar, pois são de touro para alguns, e de cabra para outros, ambos símbolos ligados a terra e seu aspecto fecundo, também ligado à fertilidade e daí a sexualidade, dividida em papéis ativo e passivo. Segundo René Guénon, a associação entre o Touro e a Lua era familiar aos sumérios e também aos hindus, sendo reconciliada pelo crescente lunar, presente em ambos os panteões. Para os hindus o Mahabharata identifica Shiva com sua montaria, o Nandi, ou touro sagrado. Em representações mais antigas, Shiva possui chifres.

Shiva Pashupata, o criador do Yoga.

O Amom egípcio, o deus oculto, era chamado no livro dos mortos de “Senhor dos dois chifres”, mas estes são de caráter solar, chifres de carneiro, conforme se tem pelas representações de Apolo Karneios e mais tarde Dionisos. Segundo Jung o chifre reconcilia, em si mesmo, os papéis ativo e passivo, respectivamente pela força de penetração e por sua abertura em forma de receptáculo. Nas religiões persas encontramos Mitras imolando o touro, o pai de todas as coisas. Esta relação entre o touro e Mitras encontra uma ressonância em Baphomet que para alguns ocultistas induz a plena identificação de ambos os seres. Crowley dizia, citando Von Hammer-Purgstall, que Baphomet era originalmente grafado com um “r” solar no fim da palavra, assim teríamos Baphometr (?) ou Baphomitr (?), que significava “pai Mitra”, e ele era um deus touro ou matador de touros. Além disso, Mitra era uma divindade solar dos persas, na realidade ele não matava o touro, mas o sacrificava, fazendo deste animal, entre os orientais, um animal solar, em contraposição a natureza lunar do mesmo touro entre os babilônios, embora ambos estejam relacionado à fertilidade, aos ciclos do das estações e a agricultura.

Resumidamente, os poderes dos chifres lunares de Baphomet poderiam ser tomados como as forças ativas e passivas da natureza, balanceadas pelo intelecto ou Logos. O Adepto ou iniciado deve possuir esses atributos, sendo essa a natureza do Bodhisattva, termo sânscrito (em tibetano Diang Shuv Sempa), que significa “aquele cujo espírito é desperto (a tocha) e que age com coragem (os chifres)”.

O simbolismo dualista presente no glifo nos indica a princípio o caráter andrógino do ídolo. Nele estão presentes, além dos signos duplos dos braços, chifres, luas, etc., a unidade dos dois sexos, representados pelos seios e pelo falo, ou lingan, em forma de caduceu. Os traços da androginia são presentes em muitas divindades como Adônis, Dioniso, entre outros. Não é um ser assexuado, como quer o modelo do cristianismo (suprimindo falo e pondo um caduceucomo signo cognato), mas explicitamente bissexual, conforme podemos observar nas divindades gregas. Zeus teve “casos” com mortais e imortais de ambos os sexos, Dioniso o fazia igualmente.

O lingan tântrico é representado muitas vezes com a Yoni em seu corpo. Shiva e Shakti abraçam-se e tornam-se Adha-Nari, o ser primordial. Veja também os diálogos de Platão, especialmente o Banquete. Não apenas no paganismo encontramos tais ocorrências. O Midrash judaico também relaciona a androginia de Adam-Kadmon como um estado que é preciso reconquistar.

A cabeça do ídolo é a do Bode, animal de natureza lunar, em oposição ao carneiro solar, mas segundo Levi trás os traços do cão, do touro e do asno. Levi interpretou esses hieróglifos de uma forma demasiadamente pejorativa, associado-os a responsabilidade da matéria e a expiação dos pecados corporais; provavelmente, em relação ao bode, tenha sido inspirado pelas lendas do Bode de Zazel, o bode expiatório, e daí sua relação com o pecado. Essa significação não se esgota nisso, aliás, ela é muito mais profunda e dirige-se a rumos bem diferentes do imaginário judaico-cristão.

Isto apenas indica que o simbolismo do bode e da cabra foi extremamente degenerado do cristianismo para frente, principalmente pelo aspecto sexual da figura. Libidinosus foi a palavra usada por Horácio nos Épodos, Livro 10, verso 23, para designar o animal que era sacrificado para afastar as tempestades, ambos os símbolos associados ao desregramento e ao caos. Saint-Martin chama-o de “animal fedorento”, sinal da “abominação”, “rejeição”, “putrefação e iniqüidade”. Foi na idade média que a iconografia cristã associou o Diabo, o deus da luxúria (sexo) ao bode, em decorrência de sua absorção a necessidade de reprodução.

Na Índia, a cabra é Prakriti (matéria), a mãe do mundo (AMMA MUNDI), que possui três qualidades essenciais: sattvas, rajas e tamas. A cabra, além de sua ligação com a fertilidade (Pan, divindade arcádica da fertilidade era representado com cascos e chifres de bode) e a luxúria por sua pujança e fecundidade genésica (libido), era sagrada na maior parte das culturas antigas.

Adorada entre os babilônios em Susa como deus da fertilidade, era especialmente considerada pelos gregos como portadores de teofania, sendo sacrificada na ocasião da consulta dos oráculos. Diodoro da Sicília relata que em Delfos foram elas que chamaram a atenção dos camponeses para certos vapores que exalavam das rochas, e que faziam as cabras pular de modo bizarro e incomum. Sobre estas rochas eles fundaram um oráculo. Ainda entre os gregos, é conhecida a tradição órfica que a alma iniciada é como um cabrito caído dentro do leite. O bode é especialmente caro também a Dioniso, uma vez que além de ser sua oferenda predileta, foi na forma de um bode que ele fugiu de Typhon, indo para o Egito.

O simbolismo do bode se liga de forma sutil ao do fogo, vez que ambos são considerados elementos essenciais dos ritos de Iniciação. Ainda no Atharva Veda, 9, 5 vemos tal associação de modo claro: “o bode é Agni; o bode é o esplendor/que afasta as trevas para longe./ ó bode, sobe ao céu dos homens justos”.

Além do que os bodes são exímios em escalar grandes montanhas ou picos rochosos. Seu equilíbrio é notável e não demonstram medo algum de altura. Tais qualidades são esperadas do iniciado, mas em sentido esotérico, i. e., as alturas da sabedoria as vezes se tornam sufocantes, o ar se rarefaz, mas como o bode, no qual ele tem se convertido (a idéia é de Orfeu), ele não deve se deixar arremeter pela falta de ar nem pelo medo da altura.

Os traços de cão ou chacal são facilmente associados ao deus Anpu ou Anúbis como guia das almas ao mundo subterrâneo, Thuat. Esse processo de morrer implica o renascimento de Osíris, um cognato explícito da Iniciação. Assim Anúbis é o guardião do portal para o mundo subterrâneo, isto é, o mundo oculto, o templo onde a Iniciação ocorre para o renascimento do neófito como Osíris. Vemos o cão no mesmo posto na mitologia grega, onde haveremos de encontrar Cérbero, o cão de três cabeças do Hades, um monstro mitológico, afável para os que chegam, brutal e feroz para os que tentam escapar. Além disso, para os profanos o principal atributo do cão é a fidelidade, que para um iniciado é uma das principais virtudes. Assim o iniciado tem estes atributos do cão como elementos do seu juramento: ser fiel a ordem, e guardar as portas do templo contra a curiosidade dos profanos.

Ainda ligado ao mundo dos mortos, veremos que na Índia o asno aparece como o asura Dhenuka, ligado a Nairrita, guardião da região dosmortos e Kalaratri, aspecto sinistro de Devi. O asno era relacionado comumente a ignorância na maioria das culturas antigas. Apuleio, no livro O Asno de Ouro, mostra-nos Lúcio, apaixonado por uma cortesã, sendo transformado em asno, que segundo Jean Beaujeu, é “a manifestação concreta, o efeito visível e o castigo de seu abandono ao prazer da carne”.

Concluímos assim que o asno está intimamente ligado aos aspectos bestiais da força sexual. Mas no quesito relacionado à Iniciação, encontramos o asno relacionado a Baco. Aristófanes, no poema As rãs, coloca estas palavras na boca do deus: “eu sou o asno que carrega os mistérios”, e, conhecendo as relações das lendas de Cristo e Dioniso ou Baco, teremos um paralelo com a celebração da festa dos ramos, quando o Cristo (que representa um grau e não uma pessoa) adentra as portas da cidade sagrada montado numa mula (um asno “castrado” para os freudianos).

No cristianismo-gnóstico o asno é um animal sagrado, uma vez que, além de carregar o Cristo na sua sagração pública, aparece em sua natividade e na fuga para o Egito. Neste âmbito judaico cristão, o asno esta também associado a Saturno, o segundo sol, que é a estrela de Israel. Saturno portanto é identificado com o Tetragrammaton. Por sua vez, Saturno se relaciona com Set, o deus Egípcio que era adorado nos desertos do sul na forma hierática de um deus com cabeça de asno. Finalmente, quanto a natureza do glifo, não parece ser um animal lunar, mas solar, uma vez que é associado comumente pelo tamanho de seu pênis a Príapos, uma divindade grega da fertilidade e da agricultura, de natureza solar-fálica, como todos os deuses solares, que são também relacionados ao falo.


Por Ifá Korede Emerson Fernandes

Fontes:
A Cabala - Eliphas Levi
Baphomet - Um Ensaio Analítico Simbólico (Frater Iaidah Baphometo 6667)

sexta-feira, 8 de março de 2019

Sociedade Ancestral - Egungun



Sociedade Ancestral - Egungun
Parte 01

Egun, todo e qualquer espírito de pessoas iniciadas ou não, Esá espírito dos adoxus e dignatários do egbe (casa). Os nagôs, então, cultuam os espíritos dos "mais velhos" de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em prol da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência). Assim, os Babá trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos. Suas presença é rigorosamente controlada pelos Ojé (sacerdotes do culto) e ninguém pode se aproximar deles. Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia. Os Babá-Egun ou Egun-Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos de búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina. Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida. Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte. Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo. No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser destemundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto. www.cliqueapostilas.com.br O Egun é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixan, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungun ancestral individualizado está de novo "vivo". A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente — característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egun) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egun está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egun. A roupa do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia , ou o Egungun propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixan para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun se tornará um assombrado", e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte. Ora, o Egun é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes — como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns — desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixan. www.cliqueapostilas.com.br Os Egun-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egun (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns ,ainda mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo. O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de pano coloridas, formando uma espécie de largas franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos, do qual ,também caem muitas tiras de pano da altura do tórax ; e o banté, que é uma larga tira de pano especial presa ao kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá. O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele o sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egun portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá máscaras esculpidas em madeira chamadas de erê egungun ; outros, entre os alabá e o kafó, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixan. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos. Existem várias qualificações de Egun, como Babá e Apaaraká, conforme seus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas. www.cliqueapostilas.com.br Nas festas de Egungun, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo. Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuixan (iniciados que portam o ixan) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos Ojé saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas. Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os Ojé podem entrar, e o lêsànyin ou balé, onde só os Ojé agbá entram. Balé é o local onde estão os idi-egungun, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egun ali cultuado -, e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixan, os quais, de pé, delimitam o local. Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns. No balé os Ojé atokun vão invocar o Egun escolhido diretamente no seu assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egun — nasce através do conjunto Ojé-ixan / idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egun se torna visível aos olhos humanos. Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuixan até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos Ojé, pelo som dos amuixan, branindo os ixan pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egun). O clima é realmente perfeito. www.cliqueapostilas.com.br O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos. Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fossem a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egun — estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los. Este espaço sagrado é o mundo do Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixan que os amuixan colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. As vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egun com o ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito. O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelos oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes. Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionara como tradutor. Babá-Egun começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral e a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas. Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo. Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.

Fonte: Internet.

Baba Korede Iyemi Agbolé Obemó Songó Fé Mí

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A DESCOBERTA DO BUDA


A DESCOBERTA DO BUDA




Gautama, o Buda, é a maior ruptura que a humanidade tem lembrança de ter conhecido até agora. O tempo não deveria ser dividido com o nome de Jesus Cristo; ele deveria ser dividido com o nome de Gautama, o Buda. Deveríamos dividir a história em antes de Buda e depois de Buda, não antes de Cristo e depois de Cristo, porque Cristo não é uma ruptura, é uma continuidade. Ele representa o passado em sua tremenda beleza e grandiosidade. Ele é a própria essência de toda a busca do homem antes dele. Ele é a fragrância de todo o empenho do homem para conhecer Deus, mas ele não é uma ruptura. No verdadeiro sentido da palavra, ele não é um rebelde. Buda é, mas Jesus parece mais rebelde do que Buda pela simples razão de que a rebelião de Jesus é visível e a rebelião de Buda é invisível.



Você precisará de um grande insight para compreender a contribuição de Buda para a consciência humana, para a evolução humana, para o crescimento humano.

O homem não seria o mesmo se Buda não tivesse existido. O homem teria sido o mesmo se Cristo não tivesse existido, se Krishna não tivesse existido - não haveria muita diferença. Elimine Buda e algo de tremenda importância fica perdido; mas sua rebelião é muitíssimo invisível, muitíssimo sutil.
Antes de Buda, a busca - a busca religiosa- dizia respeito, basicamente, a Deus:
um Deus que estava do lado de fora, um Deus que estava em algum lugar lá em cima, no céu.
A busca religiosa também dizia respeito a um objeto de desejo, tanto quanto era a busca mundana. O homem mundano buscava dinheiro, poder, prestígio; e o homem não-mundano buscava Deus, o céu, a eternidade, a verdade. Mas uma coisa havia em comum: ambos estavam olhando para fora de si mesmos, ambos eram extrovertidos.
Lembre-se dessa palavra, porque ela vai ser útil para você compreender Buda.
Antes de Buda, a busca religiosa não estava interessada no interior, mas no exterior. Ela era extrovertida e, quando a busca religiosa é extrovertida, ela não é religiosa. A religião começa somente com a introversão, quando você começa a cavar profundamente dentro de si mesmo.
As pessoas procuraram durante séculos por Deus: Quem é o construtor do universo? Quem é o criador do universo? E há muitos que ainda estão vivendo numa era pré-búdica, que ainda estão fazendo essas perguntas, "Quem é o criador do mundo? Quando ele criou o mundo?".
Há algumas pessoas estúpidas que até determinaram o dia, a data e o ano em que Deus criou o mundo. Há teólogos cristãos que dizem que exatamente há quatro mil e quatro anos antes de Jesus Cristo - segunda-feira, 1º de Janeiro! - Deus criou o mundo ou começou a criar o mundo; e ele terminou o trabalho no sexto dia. Uma só coisa é verdadeira quanto a isso: ele deve ter terminado o trabalho em seis dias, porque você pode ver a confusão em que o mundo está: trata-se de um trabalho de seis dias! E desde então, ninguém mais ouviu falar dele. No sétimo dia, ele descansou e, desde então, tem continuado a descansar...
Talvez Friedrich Nietzsche esteja certo, ele não está descansando: está morto! Ele não tem demonstrado nenhum interesse. Então, o que aconteceu com sua criação? Parece estar completamente esquecida. Mas os cristãos dizem: "Não, ele não se esqueceu. Olhe! Ele enviou Jesus Cristo, seu primogênito, para salvar o mundo. Ele ainda está interessado".
Esse foi o único interesse que ele demonstrou, enviando Jesus Cristo... mas o mundo não está salvo. Se esse era o propósito ao enviar Jesus Cristo ao mundo, então Jesus fracassou e, por tabela, Deus fracassou, o mundo é o mesmo. E que espécie de interesse era esse... seu mensageiro foi crucificado e Deus não conseguiu fazer nada?
Ainda há muitos vivendo nessa visão de mundo pré-búdica.
Buda mudou toda a dimensão religiosa, ele deu a ela uma virada tão linda! Ele fez perguntas verdadeiras. Ele não era metafísico, nunca fez perguntas metafísicas; para ele, a metafísica era pura tolice. Ele foi o primeiro psicólogo que o mundo conheceu, porque baseou sua religião não na filosofia, mas na psicologia. Psicologia, em seu significado original, quer dizer ciência da alma, a ciência do mundo interior.
Buda não perguntou quem criou o mundo. Ele perguntou: "Por que eu estou aqui? Quem sou eu? Quem está me criando?". E não se trata de uma questão do passado - quem me criou. Nós estamos sendo criados constantemente.
Nossa vida não é como uma coisa criada uma vez e para sempre: ela não é um objeto. Ela é um fenômeno crescente, é um rio fluindo. A cada momento, ela está passando através de um novo território. "Quem está criando a vida, esta energia, esta mente, este corpo, esta consciência que sou eu"? Seu questionamento é totalmente diferente. Ele está transformando a religião da extroversão para a introversão.
A religião extrovertida roga a Deus; a religião introvertida medita. Oração é extroversão; é dirigida a algum Deus invisível. Ele pode estar lá, pode não estar - você não está seguro -, não tem certeza; a dúvida vai persistir, fatalmente. Desse modo, toda oração está enraizada, de um modo ou de outro, na dúvida, no medo, na incerteza, na ambição. A meditação está enraizada no destemor, na desambição. A meditação não está mendigando nada de ninguém, ela não é endereçada a ninguém. Meditação é um estado de silêncio interior.
Oração ainda é barulho, você ainda está falando, falando a um Deus que pode não estar lá. Então, ela é insana, neurótica: você está se comportando como um louco. Pessoas loucas ficam falando; não se importam muito se há alguém para ouvi-las ou não. Esse é um sinal seguro de que elas são loucas: imaginam que alguém está ali; não apenas isso, elas quase podem ver o outro. A visualização delas é ótima, a imaginação é muito substancial. Elas são capazes de transformar sombras em substância, imaginação em realidades, ficção em fatos. Para você, elas parecem estar envolvidas num monólogo; para elas mesmas, elas estão envolvidas num diálogo. Você não pode ver quem está presente ali, elas estão sozinhas. Mas elas vêem que alguém está presente.
É devido a esse fato que a psicanálise é muito cautelosa quanto à religião, porque a pessoa religiosa se comporta exatamente como o neurótico. E há muitos psicanalistas que acham que religião nada mais é que uma neurose de massa, e eles são da seguinte opinião: a religião extrovertida é uma neurose de massa.
Buda transformou toda a questão religiosa da metafísica numa grande psicologia, porque ele perguntou: "Quais são as causas da minha vida e da minha morte"? Ele não está interessado no universo. Ele diz: "Temos de começar pelo começo; e qualquer coisa, para ter um sentido de verdade na vida, tem de dizer respeito a mim mesmo: Quem sou eu e por que eu sou? Quais são as causas que continuam me criando"?
Gautama, o Buda, não é o único buda na história do mundo: milhares de budas vivem e já viveram no mundo, em diferentes partes do mundo. Eles podem não ser conhecidos como "budas", mas "buda" simplesmente significa "o desperto".
A palavra "buda" simplesmente quer dizer "o desperto". Esse não era o nome dele. Seu nome era Gautama Sidarta. Quando ele se tornou iluminado, aqueles que compreenderam sua iluminação começaram a chamá-lo de Gautama, o Buda.
Mas a palavra "buda", de acordo também com Gautama, o Buda, é simplesmente inerente a todo ser humano, e não somente a todo ser humano, mas a todo ser vivo. É a qualidade intrínseca de todo mundo.
Todo mundo tem direito, por nascimento, de tornar-se um buda. Qualquer pessoa desperta, em qualquer lugar do mundo, tem o direito de ser chamado de "buda". Gautama, o Buda, é somente um dos milhões de budas que aconteceram e que acontecerão.
A única qualidade que o buda tem, no centro do seu ser, é a observação, o testemunhar. Testemunhar é o todo da espiritualidade resumido numa única palavra. Testemunhe que você não é o corpo, testemunhe que você não é a mente e testemunhe que você é somente a testemunha. Apenas um espelho refletindo -sem nenhum julgamento, sem nenhuma apreciação, sem nenhuma condenação- espelho puro. Eis o que o buda é.
Ser um buda não é ser budista. O budista é um seguidor, o buda sabe. No momento em que você conhece sua própria condição de buda, você conhece todos os budas, a experiência é a mesma.

Por Ifá Korede Emerson Fernandes

Fonte de pesquisa diversa.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

DESAPEGO




 “Osho – O Desapego 

O amor é a única libertação do apego. Quando você ama tudo, não está preso a nada. 
Na verdade, o fenómeno do apego precisa de ser entendido. Por que é que se agarra a algo? Porque tem medo de perdê-lo. Talvez alguém possa roubá-lo. O seu medo é de que amanhã não possa ter o que tem hoje. 
Quem sabe o que acontecerá amanhã? A mulher ou o homem que ama… qualquer movimento é possível: ou se aproximam ou se distanciam. Podem novamente se tornar estranhos ou podem ficar tão unidos que não seria correcto dizer nem mesmo que são duas pessoas diferentes; é claro, existem dois corpos, mas o coração é um só, a canção do coração é uma só e o êxtase que os envolve como uma nuvem. 

Desaparecem nesse êxtase: Tu não é tu, ela não é ela. O amor passa a ser tão total, tão grande e irresistível que não pode permanecer em si mesmo; precisa de submergir e desaparecer. 
Nesse desaparecimento, quem se prenderá, e a quem? Tudo é. Quando o amor desabrocha na sua totalidade, tudo simplesmente é. O receio do amanhã não surge, daí não surgir a questão do apego. 
“Todas as nossas misérias e sofrimentos não são nada mais do que apego. Toda a nossa ignorância e escuridão é uma estranha combinação de mil e um apegos. Nós estamos apegados a coisas que serão levadas no momento da morte, ou mesmo, talvez, antes. Pode estar muito apegado ao dinheiro, mas pode ir à bancarrota amanhã. Pode estar muito apegado ao seu poder e posição, mas eles são como bolhas de sabão. Hoje eles estão aqui; amanhã eles não deixarão nem um traço. (…) 

Todas as nossas posições, todos os nossos poderes, o nosso dinheiro, o nosso prestígio, respeitabilidade são todos bolhas de sabão. Não fique apegado a bolhas de sabão; senão, estará em contínua miséria e agonia. Essas bolhas de sabão não se importam por estar apegado a elas. Elas continuam arrebentando e desaparecendo no ar e deixando-o para trás com o coração ferido, com um fracasso, com uma profunda destruição de seu ego. Elas deixam-no triste, amargo, irritado, frustrado. Elas transformam a sua vida num inferno. 
Compreender que a vida é feita da mesma matéria que os sonhos é a essência do caminho. Desapegue-se: viva no mundo, mas não seja do mundo. Viva no mundo, mas não permita que o mundo viva dentro de si. Lembre-se que ele é um belo sonho, porque tudo está mudando e desaparecendo. 
Não se agarre a nada. Agarrar-se é a causa de sermos inconscientes. 
Se começar a desprender-se, uma tremenda libertação de energia acontecerá dentro de si. A energia que estava envolvida no apego às coisas trará um novo amanhecer ao seu ser, uma nova luz, uma nova compreensão, um tremendo descarregar – nenhuma possibilidade para a miséria, a agonia, a angustia. 
Ao contrário, quando todas essas coisas desaparecem, encontra-se sereno, calmo e tranquilo, numa alegria subtil. Haverá um riso no seu ser. (…) 

Se tornar-se desapegado, será capaz de ver como as pessoas estão apegadas a coisas triviais, e quanto elas estão sofrendo por isso. E rirá de si mesmo, porque também estava no mesmo barco antes. O desapego é certamente a essência do caminho. “ 



 Bebendo da grande fonte de inspiração e sabedoria que nos legou o mestre indiano Osho Rajneesh (1930 – 1990) 

Autor: Osho Rajneesh
Por: Ifa Korede 

terça-feira, 27 de maio de 2014

ORI - Superar Apegos e Vícios - Químicos ou Comportamentais



ORI INU
Como ultrapassar os obstáculos que impedem a entrega / Desejo: tomar consciência deles e do que os sustenta; a repressão dos desejos e como entrar num acordo com eles / O uso consciente da austeridade inteligente / A espontaneidade da renúncia / As crenças a respeito de Deus.

Para superar o apego é preciso tornar consciente o que ainda é inconsciente, e confrontar com calma e determinação.
Por Sri Prem Baba
 "Eu tomei consciência daquilo que me prendia. Tomei consciência dos apegos e do que sustentava os apegos. Eu estou constantemente lhe convidando a tomar consciência dos apegos e daquilo que sustenta tais apegos, porque enquanto você estiver inconsciente a respeito dessas ataduras, você não poderá se libertar deles. Há que se estar consciente para dizer, chega, eu não quero mais. Como no exemplo que já dei algumas vezes, do Lama que tinha ido para o ocidente pela primeira vez e havia se encantado com o iogurte e estava num congresso num hotel e na hora do almoço tinha um Buffet e naquele dia tinha iogurte de sobremesa e tinha uma fila grande para poder pegar a sobremesa e ele entrou na fila e ficava se observando e vendo que quando alguém pegava iogurte ele ficava com raiva e medo de que faltasse iogurte para ele e quando alguém passava sem pegar ele ficava feliz e esperançoso que ia sobrar para ele. Ele foi nesse sofrimento até chegar a vez dele quando ele falou: eu não vou dar iogurte para esse viciado em iogurte e passou direto. Essa é uma história muito inspiradora. Esta nos mostrando como devemos lidar com nossos eus psicológicos e com os apegos criados por esses eus. O que alimenta o apego é o desejo. É muito importante que você chegue a um acordo com o desejo. Reprimir o desejo não é inteligente. Não é sensato porque tudo aquilo que é proibido é desejado. É uma lei psíquica. Então você tenta reprimir o desejo, ele aumenta. Você só pode fazer uso de uma austeridade, quando pode compreender suficientemente a falta de sentido daquele comportamento, daquela motivação. Isso é pessoal, cada um tem seu tempo. Mas independentemente do tempo de cada um, inevitavelmente todos precisarão chegar num acordo com o desejo. Se você não trás o desejo para a consciência para estuda-lo e compreender o que é esse poder que rouba completamente a sua consciência, você não poderá interrompê-lo. Porque o que você não pode interromper sem estar consciente é o desejar. Você só pode interromper essa compulsão quando você está presente. A compulsão é um poço sem fundo. E você só coloca um fundo e pode fazer uso de uma austeridade Inteligente para interromper esse círculo, para que a austeridade inteligente abra espaço para você se libertar, quando você está compreendendo esse desejo. O que você quer do mundo? Você só aceita o convite para ir para outro lado, quando está suficientemente cansado desse. Isso é assim em todas as mudanças que a vida lhe propõe. Sempre que a vida te chama para uma coisa nova, você só se abre para essa coisa nova, se estiver cansado da forma como tem levado a vida até então. Se não, não tem nem sentido, a mudança. Porque vai mudar algo que está dando certo? Mudar de casa se a sua está tão confortável. Só muda se está insatisfeito com a sua casa, se tem algum desconforto. Se tem alguma fricção que você não está dando conta de resolver. E o mesmo se dá com os ciclos da vida. Quando você se cansou do mundo, aí você volta para dentro. Aí a renúncia é espontânea. Certa vez eu li uma história a respeito de um buscador que foi até o mestre, para se entregar. O mestre estava dentro de uma caverna e estava olhando para o fundo da caverna. O buscador chegou e o mestre não olhou para ele e o buscador falou com ele, virado de costas. O buscador falou: “eu vim para me entregar”, ele estava sozinho, mas o mestre falou: “eu só aceito indivíduos, eu não inicio multidões”, volte sozinho que eu te iniciarei. O homem não entendeu porque ele estava sozinho e disse: “eu estou sozinho”. O mestre sem virar ainda, diz: “você está enganado, esta trazendo sua família, seus amigos, uma multidão com você”. O buscador tomou consciência que estava carregando realmente o peso de deixar tantas contas abertas: os filhos chorando e a mulher chorando porque ele tinha ido embora e aí entendeu que não estava pronto para dar esse passo. Aí voltou para o mundo para poder acertar essas contas. O que é que você deseja do mundo? O que você quer dele? É isso que você quer dele que te impede de deixa-lo, porque esse mergulho no abismo é uma metáfora para ser tomado pelo espirito da renúncia. É se tornar livre dos apegos. É permitir que o ego se dissolva no Divino. Mas o ego não vai fazer isso enquanto tiver interesses. Então ajuda bastante você saber quais são esses interesses porque assim você caminha honestamente. O caminho espiritual pode ser trilhado de muitas maneiras. Na essência precisa estar a sua honestidade. Seu compromisso com a verdade.



Em dado momento da jornada eu tomei consciência que tinham dois dentro de mim. Um estava comprometido com a paz, com o amor, com a união, mas tinha outro que ainda estava comprometido com a guerra. Enquanto houver vetores do desejo apontando para a guerra ou para o mundo, são sinônimos, metáforas para aquilo que deseja a natureza inferior, você não poderá se render aos desígnios do coração. Junto com isso seria bom que você pudesse também tomar consciência de quem e Deus para você, porque as crenças a respeito de Deus te impedem de dar esse passo. Ela faz com que você se demore no jogo da natureza inferior. Porque você vai abrir mão dessa casa que você conhece para outra que você duvida? Quem é Deus para você? Quem é esse Deus que você esta conscientemente querendo se entregar e não consegue? Porque se você carrega uma crença de que esse Deus é cruel, tirando, se é uma extensão dos seus pais, você não vai mesmo fazer esse movimento em direção a ele. Então esses são dois pontos que precisam ser observados, mas nesse momento eu sinto que o principal e ficar consciente dos desejos. O desejo agrega valor à ideia de eu. Então você compra o carro novo e está lá dirigindo e naquele momento aquele carro é você também, mas dura muito pouco essa sensação de preenchimento e de identidade, logo você vai precisar mais alguma coisa para agregar valor a ideia de eu e aí você compra um casa nova e então se sente essa casa. Se sente preenchido por algum tempo, mas de novo isso se desfaz porque é somente algo externo que você esta usando para agregar valor a ideia de eu. Ai você deseja um namorado, namorada e aí se demora um pouco mais porque é desafiador dominar o outro, mas até em alguns casos você conquista e então se desinteressa de novo e assim você segue a vida, desejando. Tentando encontrar elementos que agreguem valor a essa ideia de quem é você. Isso se torna compulsivo. Assim como o desejo pelo iogurte. Se tem desejo tem comparação. O outro tem, eu não tenho. Um tem o outro pode vir a ter, eu ainda não tenho. Isso vai estimulando a inveja, ciúme e um monte de sentimentos negativos, mas esse desejo em algum momento se mostra, mostra que não tem como realmente te preencher. Esse desejar compulsivo começa a enfraquecer porque você começa a perceber que realmente nada de fora vai trazer o preenchimento e satisfação que você procura. O salto não acontece se você não estiver consciente do que esta buscando no mundo. Muitos têm energia para dar esse salto. Tem energia para o despertar, mas ainda carregam desejo e o desejo não permite que isso aconteça. Conscientemente todo mundo só quer aquilo que é bom, só querem acordar porque compreenderam que é a única saída para o sofrimento, mas você guarda dentro de você desejos, que muitas vezes você não tem nem consciência. Deixa isso vir. Não se envergonhe. Fique atento com a máscara do espiritual. Espiritualidade é autenticidade.
 Mais vale uma raiva verdadeira que um sorriso falso. É mais valioso você tomar consciência do seu desejo pelo mundo do que ficar negando"



Valioso ensinamento dado por Sri Prem Baba
Janeiro de 2014.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Árvore da Vida de Kamitic - Egito & Yorubá - Parte 02




Esfera 03 – Sekert – Obaluaye


Onipotência - O Poder da Criação

A Esfera 03 da árvore representa o aspecto onipotência do Criador. 
A divindade representada pela Esfera 03 da Árvore foi chamado Sekert pelo Kamau, e é chamado de Obaluaye na tradição yorubá. A ciência espiritual Kamitic sustenta que a criação é provocada pela Palavra, invocação, ou vibração. Assim a Esfera 03 também representa as palavras de poder, ou mantras. Estes foram chamados hekau (singular: heka) pelo Kamau. A vibração divina original, que criou o mundo (o nosso), foi dito "aung". Essa palavra divina inicial de vibração foi emitida a partir desse aspecto do Criador representado pela esfera 03. A escritura Kamitic tem Deus dizendo: "eu trouxe em minha boca meu próprio nome, ou seja, uma palavra de poder, e eu, eu mesmo, surgi na forma de coisas que vieram a existir, e eu vim as formas do Criador ". Desde a criação do universo, trazem à existência da estrutura, e também a limitação por inferência, Sekert e Obaluaye são identificados como os fundamentos de todas as coisas criadas. Sendo assim, Sekert ou Obaluaye estão para ajudar a criar uma base sólida e duradoura. Considerando que nada dura para sempre no mundo, Sekert e Obaluaye foram também identificados com os ciclos, e uma vez que nenhum novo ciclo começa a menos que um velho morra, Sekert e Obaluaye também são identificadas, tanto quanto com a morte como com a criação. Mas isso não é tão mórbido que possa parecer para a mente ocidental, para dentro da cosmologia Africana, a morte não é vista como definitiva, mas como uma transição. De qualquer forma, Sekert e Obaluaye presidem os funerais e cemitérios, e o crânio é um de seus totens.



Esfera 04 – Maat – Aje Saluga



Lei Divina / Verdade, Harmonia, a interdependência de todas as coisas


A Esfera 04 da Árvore da Vida representa o aspecto do Criador correspondente às leis da existência para as coisas da criação. Esta é a Lei Divina. Na tradição Kamitic, a divindade representada por esta Esfera é conhecida como Maat. No panteão Yoruba, ela é conhecida como Aje Salugá. As leis para que Maat é a expressão de governar ambos os aspectos da mente (consciência / Inconsciência), bem como aspectos da matéria (Energia / Matéria). Assim Maat rege os princípios da verdade divina, amor, justiça, equilíbrio, harmonia, Inter-dependência de todas as coisas, etc, bem como as leis da física e de todos os fenômenos de energia / matéria, sendo que este último inclui as leis que regem os fenômenos espirituais . É a pena de Maat, que é usada para pesar o coração no dia do Juízo Final.



                     Esfera 05 – Herukhuti– Ogun

Aplicação da Lei Divina.



A Esfera 05 da árvore representa o aspecto do Espírito de que a Lei Divina é "forçada". Na tradição Kamitic, a divindade representada por esta Esfera é conhecido como Herukhuti. No Yoruba, ele é conhecido como Ogun. A ira de Deus (castigo) é exercida por esta faculdade, como é o amor de Deus em seu aspecto de proteção. Há uma lógica de equilíbrio no trabalho aqui. Não há nenhuma lei sem meios de execução, portanto, Herukhuti é necessário para complementar Maat.



Próxima Postagem - Esferas 06 e 07

Por Ifá Korede Emerson Fernandes
Fontes de Consulta:
- Metu Neter
-  A Sabedoria Antiga na África - Patrick Bowen